6.6.06

É tudo free - as verdadeiras lojinhas vituais

Depois que o Matias escreveu sobre os blogs de mp3, fiquei com preguiça de colocar esse texto aqui no ar. Mas como eu descobri que outro texto meu (sobre o Betty By Alone) foi ao ar no excelente Lágrima Psicodélica, resolvi publicar de vez essa porcaria...

E então se fez o MP3. Tá, convenhamos, o MP3 não é um formato de áudio, e sim um padrão de compressão, cria do alemão Karlheinz Brandenburg e sua equipe, baseados em outros formatos de compressão (o MP1 e MP2) . A história mais completa do MP3 você encontra aqui. Se dependesse da indústria fonográfica, esse tipo de arquivo ainda estaria circulando apenas nos porões nerds das BBS´s afora.

Apesar de soar estranho hoje, o MP3 era, inicilmente, muito grande. Apesar dos 128 Kbps parecerem pouca coisa, vale lembrar que há uns dez anos, um HD de 1 Gb não era muito comum. Além disso, a internet, seara onde o MP3 popularizou-se, também era lenta, com suas conexões discadas e outros quetais.

Em 1999 a Rede já começava seu processo de estabilização, popularização e aceleração, enquanto o tamanho dos HDs (assim como a RAM) inchava. Foi nesse ano que surgiu o Napster, primeiro programa P2P, onde os usuários trocavam seus arquivos. Mesmo naquela época as coisas eram mais lentas: músicas que demoravam horas para serem baixadas, ripar um CD para o computador exegia a mesma paciência, e ninguém possuía muita coisa nas pastas de arquivos (ainda todas desorganizadas)

O Napster acabou, mas enquanto a largura de banda crescia, substitutos iam aparecendo. O primeiro fenômeno do combo P2P + MP3 foi a revitalização do single: afinal, quem estava afim de pagar por um álbum inteiro quando queria apenas uma canção? A pasta de arquivos em MP3 de cada pessoa era um grande shuffle, uma sequência embaralhada de músicas diversas.
Depois, foi a vez do álbum entrar para a era on-line. E dá-lhe pastas e mais sub-pastas divididas em artistas e álbuns, dá-lhe digitar um nome que você quisesse, em qualquer programa, e achar 300 mil arquivos e usuários diferentes com aquele disco, aritsta ou música. A internet é o sonho do aficcionado por música, onde toda a música gravada na história parece estar ao alcance de todos.

Mas, meio que do nada, eu senti um pouquinho de vazio: e o que acontece com aqueles pequenos rituais que a música pop criou na gente. Um que eu realmente sentia mais falta era o da loja de discos: chegar como quem não quer nada, cumprimentar o vendedor (que, invariavelmente, era seu amigo) e sair fulando nas prateleiras. Parece que a precisão cirúrgica do botão "search" eliminou a surpresa, aquela sensação de se deparar com um disco que você sempre quis ouvir mas nunca lembrava de pedir pro vendedor (ou de digitar no campo de pesquisa). Se você é monotemático, tudo bem, sempre vai encontrar o que quer: um bootleg do Dylan, um ao vivo do Venon, uma coletânea de lados B do Daft Punk; ms se você é um fã incondicional de uns 30 estilos diferentes, sempre vai ficar um pouco perdido.

Foi aí que eu descobri os blogs de MP3. Não falo apenas de blogs que colocam uma canção ou outra de seu artista favorito, mas que postam álbuns inteiros via rapidshare. A sensação é muito parecida com entrar numa loja "só pra olhar". Sem pretensão nenhuma, você dá uma olhadinha no que tem por ali. Logo chega o vendedor, explicando a importância de cada álbum postado, o quanto ele é raro, quem ele influenciou. O que antes era apenas uma lista de faixas ganha vida, e o joio é separado do trigo. Claro que esses blogs não são mega-stores, onde você vai achar tudo o que quer. Tem mais a ver com sebos virtuais, cada um especializado na sua seara. Para quem gosta de velharia roqueira, vale uma chegada no Past Tense Music, por exemplo . Em português e inglês, lá dá pra achar de Who a Mutantes, de Cream a Sá Rodrix e Guarabira, tudo contextualizado e bem contadinho. Experimentalismos? Curved-Air. Musica jamaicana dasantiga? Hearwax Trilhas sonoras classudas? Lounge Tracks. Jazz raro? Jazz Heads. Até mesmo as lendárias Peel Sessions do falecido DJ inglês John Peel têm seu cantinho: The Perfumed Garden

A variedade é tão grande que já existem blogs que apenas compilam outros blogs, como o excelente Nau Pyrata. Sem a poeira causadora de rinite dos sebos, a plataforma virtual fica entre uma economia do excesso e um p2p generoso. Pois é, a internet já apresentou sua versão do single, do álbum e agora, da loja de discos, sempre em adaptações espontâneas de formatos industriais. O futuro - nos próximos vinte meses - só podemos imaginar, enquanto aproveitamos cada possibilidade da revoluçaõ tecnológica.

Um comentário:

Anônimo disse...

oiiiii,eu queria dizer que eu amo o my chemical e tmbm amo o gerard...ele é lindo e o meu sonho é casar com ele!!!!!!!!!!bjussss